sexta-feira, 29 de abril de 2016

Onisciência

·         Sonda-me, ó Deus, e conhece o meu coração, prova-me e conhece os meus pensamentos;
vê se há em mim algum caminho mau e guia-me pelo caminho eterno. (Salmos 139: 23,24)

Ele sabe todas as coisas. O salmista diz que Deus sabe todas as coisas, desde as mais simples como se assentar, andar, deitar e levantar, até as mais difíceis como os pensamentos e as palavras antes que sejam ditas.

Deus nos conhece profundamente. Ele nos sonda e conhece. A sonda é uma espécie de corda com um peso na ponta que é usada para ‘sondar’ a profundidade de um rio, lago ou mar. Deste modo o salmista compara connosco dizendo que Deus sabe o que há no mais profundo de nosso ser.
Somente Deus pode saber todas as coisas. Todos os mistérios e coisas ainda não descobertas Deus já sabe. O Senhor sabe tudo o que já aconteceu no passado e o que haverá no futuro. Somente Ele pode saber isso. Também sabe o que todas as pessoas pensam e ninguém mais pode saber isso, somente Deus o criador.

Nenhum dos atributos de Deus pode ser considerado maior que o outro, sejam eles os comunicáveis bem como os incomunicáveis, mas se me fosse permitido considerar um, seria com certeza a onisciência (todo o conhecimento) de Deus dentro dos atributos aquele que maior exerce poder sobre suas criaturas, pois Ele tem a capacidade de saber tudo, até aquilo que pensamos.

Afinal o que muda em nós diante da afirmação de que Deus sabe tudo até os nossos pensamentos?

Como disse no artigo "Conhecimento de Deus", não basta saber que Deus nos ama e nos quer bem. Não basta saber que Deus sabe tudo. É preciso compreender que implicações isto tem em nossas vidas e o que devemos mudar diante deste conhecimento.

Jesus disse: “Eu, porém, vos digo que todo aquele que olhar para uma mulher para cobiçá-la, já em seu coração cometeu adultério com ela” (Mat. 5:28).
Cristo está a falar que não é só a pratica do adultério que faz de nós pecadores. Com isto, Cristo também quer mostrar os inúmeros pecados que podemos cometer em nossos pensamentos. Cristo quer transmitir que tal como em direito penal (desculpem-me os homens do direito se estiver errado) o autor moral ou autor intelectual não é esquecido no juízo, diante do Juiz é considerado de coautor do crime junto com o executor ou autor material. Assim, de igual forma as nossas imoralidades não passarão despercebidas diante de Deus.

Como humanos errantes nos é fácil tirar conclusões sobre as pessoas, especialmente quando observamos o comportamento da mesma. E diante de tal comportamento podemos ter um entendimento relativo sobre o caráter desta pessoa, os quais podem ser vistos como repugnantes ou louváveis. Do mesmo modo, se exteriorizarmos os nossos pensamentos aos nossos amigos íntimos com certeza eles poderão transmitir-nos sua apreciação negativa ou positiva. Tudo o que dissermos pra eles poderá ser encarado como repugnante ou louvável dependendo daquilo que partilharmos.
Agora imagina que seus pais soubessem tudo o que você pensa? Imagina que os teus amigos tivessem o poder para saber o que você está a pensar no momento em que te aproximas deles? Como seria a sua vida? Provavelmente uma vida cheia de receios, talvez levarias uma vida de busca interminável da perfeição, pois saberias que o juízo sobre tua pessoa seria logo de imediato. Saberias que teus amigos te reprovariam sempre que teus pensamentos fossem vergonhosos. Será que numa situação destas entregaríamos os nossos pensamentos a "Deus dará"? Creio que não.

Então, por que não fugimos do Juízo vindouro? Deus é onisciente, Aquele que sabe tudo. Ele sabe os pecados em nossos corações. Ele visita a maldade dos pais nos filhos até a terceira e quarta geração daqueles que o aborrecem e faz misericórdia até mil gerações daqueles que o amam e guardam os seus mandamentos. A nossa pureza diante de Deus é fundamental para que haja perfeita relação entre Deus e o homem.

Caim ao matar seu irmão Abel achou que podia encobrir algum pecado a Deus, e mais do que encobrir, achou que poderia andar na presença de Deus, mesmo com o coração sujo. É necessário compreender que não importa quem tu sejas; desde um simples cristão até aquele que pelos homens é considerado como um super cristão, ninguém anda na presença de Deus com o coração impuro. Com isso, Deus nos chama a atenção para purificarmos o nosso coração (ato de tornar puro ou limpo um objeto, um lugar ou uma pessoa a fim de serem usados ou tomar parte no culto de adoração), pois Ele sonda os corações. O espírito de Deus só entrará em nossos corações, quando Lhe dermos acesso, limpando tudo o que está a mais, purificando cada canto, removendo todo o pensamento e atos que contaminam a nossa vida.
Quando li pela primeira vez a história de Judas, onde em prantos devolvia as 30 moedas de prata com as quais traíra o seu Mestre, também lagrimei, pois deduzi que o arrependimento chegara a Judas. Para minha surpresa enquanto lia, o seu Mestre nada fez e este (Judas) foi se enforcar. Perguntei-me durante muito tempo (anos): Por que Jesus não fez nada para salvar aquela alma? Mas em contrapartida, em relação a Pedro confortou-lhe. Não dava para entender, como é que Alguém que o mundo diz ser amoroso tenha feito isto, uma vez que veio para salvar almas. Como?

·         Porque a tristeza segundo Deus opera arrependimento para a salvação, o qual não traz pesar; mas a tristeza do mundo opera a morte. (2Cor.7:10).
Pude entender anos mais tarde que só Deus poderia revelar a Jesus os sentimentos de ambos os discípulos tinham, e este (Jesus) por sua vez, comportou-se em conformidade com os sentimentos que cada um tinha. A verdade é que Judas chorou, mas não chorou por que sentiu necessidade de abandonar seus erros, suas falhas, chorou por que sentiu remorsos, sentiu culpa daquilo que fizera (tristeza segundo o mundo). E isto, queridos irmãos, não basta, para que a presença de Deus se faça sentir em nossas vidas.

Pensa como, às vezes, temos nos comportado diante de determinadas situações, quando nos sentimos “obrigados” por vergonha, ou mesmo porque queremos mentir, roubar, caluniar, não importa a causa. Há sempre uma desculpa em nosso interior para aquela ação, e pedimos perdão a Deus. Depois pelas mesmas razões voltamos a seguir os mesmos passos, e voltamos a pedir perdão. Pergunto: Que sentimento norteia este cristão? É arrependimento ou sentimento de remorso? Embora pareçam parecidos, mas existe uma diferença enorme entre arrependimento e remorso.
Vamos procurar definir esses sentimentos, para melhor compreendermos:

Remorso: É quando voltamos a cometer as mesmas atitudes, consideradas como erro por nós mesmos, mas não nos perdoamos, não mudamos de direção e nos culpamos a toda hora por ter feito aquele ato.
Arrependimento: Reconhecimento do erro da ação ocorrida movido por um sentimento de coragem e mudança para concertar o erro ou mudança de atitude.

Ainda há quem os define assim:
Arrependimento: Tristeza que se preocupa por ter magoado outrem.

Remorso: Tristeza por ter prejudicado a si mesmo.
Prestemos atenção: A presença de Deus em nós não é feita com base nas nossas obras, naquilo que podemos fazer na sua causa, ou seja, quando pecamos nossa mente nos leva a pensar que precisamos andar segundo a vontade de Deus para que Ele habite em nossos corações de novo. Pensar assim incorre-se para as obras, incorre-se em apresentar os nossos trapos de imundícias (obras) em troca da Sua presença em nós, em troca do Seu perdão. Pensar que precisamos de voltar a seguir a Sua lei logo que damos conta que pecamos chama-se a isso remorso, chama-se a isso medo dos prejuízos vindouros. Agora alguém me perguntaria, será que andar segundo a vontade de Deus não é importante? É importantíssimo. Devemos andar como Deus quer, mas esse deve ser o segundo passo, após pecarmos.

No processo de santificação primeiro passo é o arrependimento, que em si só, é um sentimento que te faz mudar de atitude, e só depois vives uma vida diferente da que vivias anteriormente (purificação). Querida igreja não confundamos o remorso do arrependimento, embora na sua maneira de se proceder sejam semelhantes.

·         Chegai-vos para Deus, e Ele se chegará a vós. Limpai as mãos, pecadores; e, vós de espírito vacilante, purificai os corações. Senti as vossas misérias, lamentai e chorai; torna-se o vosso riso em pranto, e a vossa alegria em tristeza. Humilhai-vos perante o Senhor, e Ele vos exaltará. (Tiago 4:8-10)
Ao limparmos as mãos do pecado, ao fortalecermos o espírito, ao purificarmos os nossos corações compreendendo que nossa vida é miserável, estamos dando passos certos na caminhada cristã, estamos seguindo em direção à cruz (sofrimento) que cristo nos prometeu.

No mundo inteiro tem surgido varias histórias de homens e mulheres que se desesperam para conseguir o perdão de Deus, e consequentemente a Sua presença em suas vidas. Homens e mulheres ao sentirem a ausência de Deus porque descarrilaram na vida espiritual desesperam e vivem atormentando-se. A sensação é de estarem perdidos. Fazem de tudo, usam todos os meios: choram, lamentam, culpam-se, oram, jejuam, mas mesmo assim, contam eles, que a sensação é de sentirem Deus distante. O que faz com que, em muitos casos, esta sensação de distanciamento agudize mais a separação com Deus.
Porque isto acontece connosco? O que se passa que não damos conta do real problema? Perguntam essas pessoas.

Quer queiramos quer não, às vezes sentimos Deus distantes de nós, não porque nos rejeitou, pois Ele a ninguém rejeita, mas porque Deus não se faz presente em corações impuros. Então, querida igreja, reveja o que te motiva a pedir perdão. Se é por arrependimento ou remorso. Precisamos compreender que o amor de Deus não ultrapassa a sua santidade, nem a sua justiça. Deus é completo em todos os seus atributos. Enquanto não fizermos uma mudança no paradigma de nossas vidas (arrependimento), correremos o risco de viver uma vida sem arrependimento, somente com sentimento de remorso, e Deus que sonda os nossos corações se distanciará, tal como se distanciou de Esaú.

·         Nem haja algum impuro ou profano, como foi Esaú, o qual, por um repasto, vendeu o seu direito de primogenitura. Pois sabeis também que, posteriormente querendo herdar a bênção, foi rejeitado, pois não achou lugar de arrependimento, embora, com lagrimas, o tivesse buscado. (Heb. 12:16,17)
Veja que Paulo fez o registro de uma "simples" falha de Esaú, no qual ele não se predispôs ao arrependimento. Mas quando estava para receber a bênção e viu que foi rejeitado, chorou. Não chorou porque se arrependeu, mas porque sentiu remorso daquilo que fizera. Ele viu que aquilo que fizera tem prejuízos, e ele não está disposto a acarretar estes prejuízos. Esaú não lançou nenhum olhar para Deus, o galardoador daquela bênção. Simplesmente olhou para o prejuízo de seu ato. Quanto mais erros cometemos, especialmente aqueles que nossa mente humana considera de pequenos, mais e mais vamos deixar de lado o arrependimento que é essencial em nossa vida. Uma pequena mentirá retira logo a presença Daquele que sonda os corações e para voltar a ter essa Presença, requererá do cristão o arrependimento e a purificação, que às vezes não é bem compreendido entre os cristãos.

·          Amarás, pois, ao Senhor teu Deus de todo o teu coração, de toda a tua alma, de todo o teu entendimento e de todas as tuas forças. (Mar. 12:30)
Quantos de nós tem se preocupado com Deus quando peca? Quem de nós em detrimento do Juízo vindouro preocupa-se com Deus quando O ofende? Por ser um sentimento egoísta, o remorso retira de nós a devida preocupação sobre aquelas pessoas a quem ferimos. A verdade é que Deus fica sempre em segundo, terceiro, talvez até em nenhum plano em nossas vidas. Não mostramos nenhuma preocupação pelo Seu estado emocional. Achamos que o Deus a quem adoramos, a quem servimos não sente dor. Achamos que não se entristece. Nossa preocupação fica voltada para nós mesmos (remorso), por que não queremos receber as chamas vindouras.

Amemos a Deus, querida igreja, para que possamos compreender a preocupação que Deus tem quando pecamos, para percebermos que pra Deus o pecado é extremamente ofensivo a ponto de mandar seu Filho para cruz. Só amando a Deus de todo o coração, alma e entendimento (de forma racional, sem nenhum mistério) é que vamos nos preocupar com o sentimento de Deus, todas as vezes que nos procedermos mal contra a sua Pessoa. Somente o amor pela pessoa de Deus é que nos fará perceber que não temos nada a recear no dia do juízo (1Jo. 4:17), logo nossa preocupação não estará voltada para nós, mas para Aquele a quem ofendemos.
Então estejamos atentos, pois grande perigo a igreja de Deus corre ao permanecer encubado no pecado, porquanto a igreja poderá ser rejeitada por Deus, não por que não confessou sua culpa (tal como Judas confessou publicamente), mas porque o sentimento que a motiva a confessar é o remorso, é sentir que prejuízos pessoais virão.

Estejamos sóbrios, queridos irmãos, o Deus que sonda os nossos corações sabe o que vai à nossa alma. Deus não vai se deixar influenciar pelos choros de quem quer que seja (como Esaú), se este choro não for movido pelo arrependimento verdadeiro (mudança de direção). Andemos puros diante de Sua face, pois nada escapará da mente do Senhor. Deus sabe de tudo, Ele sabe o sentimento (Arrependimento ou remorso) que norteia o nosso coração. Tal como o salmista diz, peçamos a Deus que sonde os nossos corações e que possa ver em nós se há um caminho mau, e que nos guie pelo caminho eterno.

 
“Consolai-vos, pois, uns aos outros com estas palavras”
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