sábado, 17 de junho de 2017

Gogue e Magogue

Muito se tem escrito com o objetivo de explicar convincentemente a batalha de Gogue e Magogue, que é sem sombra de duvidas a profecia mais complexa entre as profecias bíblicas.
Há abundantes especulações, certezas, incertezas e controvérsias entre os estudiosos sobre a guerra de Gogue e Magogue, especialmente, no que diz respeito ao tempo em que esta guerra vai acontecer.

Em apocalipse 20 lemos que depois da prisão de satanás por mil anos, ele será solto e convence os reis da terra para uma batalha final contra o acampamento dos santos. Por outro lado, e sem mencionar a pessoa de satanás, aparentemente uma batalha igual é mencionada pelo profeta Ezequiel nos capítulos 38 e 39.

Na verdade existem muitas certezas, incertezas, especulações e controvérsias, e é dentro deste emaranhado de ideias que colocarei a minha visão sobre o assunto, na perspectiva de que o querido leitor faça a devida prova, tal como ensinou o apostolo João (1Jo. 4:1).

Tal como disse, a controvérsia existe, principalmente, no que tange ao tempo que a batalha vai ocorrer, pois muitos crêem que haverá duas batalhas de Gogue e Magogue. Haverá uma batalha  antes do milénio, ou pouco depois, no inicio do milênio (Ezequiel 38 e 39) e outra após o milênio em Apocalipse 20.

A maior parte dos estudiosos, professores escatológicos, especialmente, vindo dos EUA concordam que a Batalha de Gogue e Magogue de Ezequiel difere da Batalha mencionada por João em Apocalipse. Todos eles concordam que a batalha de Gogue e Magogue mencionada por Ezequiel está preste a acontecer, quer seja antes ou depois do Messias regressar. E a batalha descrita por João ocorrerá depois do milênio com satanás a encabeçar os reis da terra.

Há fortes adeptos nestas duas linhas de pensamento. Há aqueles crêem que diferentemente do que João disse, em Apocalipse 20, a batalha de Gogue e Magogue descrita por Ezequiel ocorrerá no período da Grande tribulação. Outros atribuem este acontecimento para depois de volta do Messias e dizem que esta batalha corresponde com o dia da vingança do Senhor.

Minha posição em relação à batalha de Gogue e Magogue difere dos posicionamentos acima, pois não creio que exista uma profecia que seja exclusiva de um único profeta. Aceitar que João e Ezequiel se distanciam proféticamente sobre Gogue e Magogue me custa muito. E, me custa porque se observarmos o método evangelístico do Messias foi com base nos antigos profetas. Alias, Cristo disse mesmo que não veio anular a lei e os profetas.

As pisadas do Messias e os seus métodos também foi observado pelos seus discípulos. Paulo foi o maior exemplo deles todos quanto ao uso dos escritos dos antigos profetas em suas cartas. Nesta senda creio que não haja nenhum apóstolo de Cristo que tenha revelado algo, que não fosse previamente anunciado pelos antigos profetas. E não consigo conceber que o profeta João seja o único a profetizar sobre a última demanda de satanás sobre o povo de Deus.

Será que não há nada em Apocalipse 20 que nos possa chamar atenção, e nos levar a profecia de Ezequiel 38 e 39? Não há nenhum paralelismo entre profetas?
  • Vi descer do céu um anjo que trazia na mão a chave do abismo e uma grande corrente. Ele prendeu o dragão, a antiga serpente, que é o diabo, Satanás, e o acorrentou por mil anos; lançou-o no abismo, fechou-o e pôs um selo sobre ele, para assim impedi-lo de enganar as nações até que terminassem os mil anos. ... Vi tronos em que se assentaram aqueles a quem havia sido dada autoridade para julgar. Vi as almas dos que foram decapitados por causa do testemunho de Jesus e da palavra de Deus. Eles não tinham adorado a besta nem a sua imagem, e não tinham recebido a sua marca na testa nem nas mãos. Eles ressuscitaram e reinaram com Cristo durante mil anos. (Apoc. 20:1-4)
Como vimos no artigo anterior: "O Dia da Vingança do Senhor", depois da Grande Tribulação, o Messias retornaria três dias e meio depois para vingar o seu povo, a sua igreja. E segundo o profeta João, neste capitulo 20 de apocalipse, Satanás é preso logo a seguir ao inicio dos mil anos. A cena de apocalipse 20 continua e nos faz perceber que o povo de Deus é ressuscitado, e outros são reintegrados entre o povo para reinar com o Messias durante os mil anos.
  • Quando terminarem os mil anos, Satanás será solto da sua prisão e sairá para enganar as nações que estão nos quatro cantos da terra, Gogue e Magogue, a fim de reuni-las para a batalha. Seu número é como a areia do mar. (Apoc. 20:7,8)
O profeta João diz ainda que após os mil anos satanás será solto de sua prisão. Sairá e enganará as nações para guerrear contra o acampamento dos santos. Queridos, aqui é que está o detalhe mais importante para fazermos paralelismo com os antigos profetas. A citação Gogue e Magogue.

Irmãos prestem um bocadinho de atenção no oitavo verso deste capítulo. Não há nenhum imperativo linguístico que determina a colocação da citação Gogue e Magogue no oitavo verso. Se prestarmos atenção, perceberemos que a ausência desta citação em nada belisca o entendimento da frase.
  • E sairá para enganar as nações que estão nos quatro cantos da terra, a fim de reuni-las para a batalha. Seu número é como a areia do mar. (Apoc. 20:8)
Veja que a frase não perdeu o sentido, nem deturpa todo o entendimento que o profeta quer nos passar.

Então, se a ausência desta citação (Gogue e Magogue) em nada belisca o entendimento da profecia, o que está ali a fazer?

É logico que se trata de um código ou a chave para descortinar o código. Torna-se claro para qualquer que estuda esta profecia que a citação feita pelo profeta João sobre Gogue e Magogue corresponde a uma referência que o profeta faz, tendo como base outro profeta. É o profeta quem faz alusão sobre Gogue e Magogue, pois não lhe mostraram nenhum rei chamado Gogue nem o anjo lhe disse que Satanás se chama Gogue. Com certeza que esta alusão veio do seu conhecimento sobre as profecias que foram profetizadas pelos antigos profetas.

Façamos, então, o paralelismo entre os profetas Ezequiel e João:
  • Veio a mim esta palavra do Senhor: Filho do homem, vire o rosto contra Gogue, da terra de Magogue, o príncipe maior de Meseque e de Tubal; profetize contra ele e diga: Assim diz o Soberano Senhor: Estou contra você, ó Gogue, príncipe maior de Meseque e de Tubal. Farei você girar, porei anzóis em seu queixo e o farei sair com todo o seu exército: seus cavalos, seus cavaleiros totalmente armados e uma grande multidão com escudos grandes e pequenos, todos eles brandindo suas espadas. A Pérsia, a Etiópia e a Líbia estarão com eles, todos com escudos e capacetes; Gômer com todas as suas tropas, e Bete-Togarma, do extremo norte com todas as suas tropas; muitas nações com você. Aprontem-se; estejam preparados, você e todas as multidões reunidas ao seu redor, e assuma o comando delas. (Ez. 38:1-7)
  • Quando terminarem os mil anos, Satanás será solto da sua prisão e sairá para enganar as nações que estão nos quatro cantos da terra, Gogue e Magogue, a fim de reuni-las para a batalha. Seu número é como a areia do mar. (Apoc. 20:7,8)
Tal como João, em Apocalipse, Ezequiel também diz que haverá multidões de tropas que estarão reunidas, prontas para a batalha de Gogue e Magogue. Com maior ou menor explicação João faz a mesma referência de Ezequiel sobre Gogue e Magogue e um grande exército.

E, quando continuamos a observar a profecia de Ezequiel, Deus censura o rei Gogue por este querer atacar o seu povo. Povo este que havia passado por uma guerra, que havia sido reunido dentre as nações e habitava em segurança.
  • Depois de muitos dias você será chamado às armas. Em anos futuros você invadirá uma terra que se recuperou da guerra, cujo povo foi reunido dentre muitas nações nos montes de Israel, os quais por muito tempo estiveram arrasados. Foram trazidos das nações, e agora todos eles vivem em segurança. (Ez. 38:8)
Bem, este verso é só um dos mais importantes versos, que nos ajuda a descortinar o contexto desta profecia.

Povo que vive em segurança, mas que passou por uma guerra, e foi novamente reunida dentre as nações (esteve no exilio Luc. 21:24). Que momento é este?

A mensagem que o profeta anuncia no verso 8 de Ezequiel 38 anula por completo a possibilidade desta batalha ocorrer antes do milênio e é exatamente aquilo que o profeta João falou, quando fez referência sobre aqueles que reinarão com o Messias (Apoc. 20:4).
  • Você e todas as suas tropas e as muitas nações com você subirão, avançando como uma tempestade; você será como uma nuvem cobrindo a terra. Assim diz o Soberano Senhor: Naquele dia virão pensamentos à sua cabeça, e você maquinará um plano maligno. Você dirá: Invadirei uma terra de povoados; atacarei um povo pacífico e que de nada suspeita, onde todos moram em cidades sem muros, sem portas e sem trancas. Despojarei, saquearei e voltarei a minha mão contra as ruínas reerguidas e contra o povo ajuntado de entre as nações, rico em gado e em bens, que vive na parte central do território. (Ez. 38:9-12)
Estes versos também são provas claras que esta profecia não pode estar a fazer referência sobre a Grande Tribulação, uma vez que, antes da Grande Tribulação, o povo apenas terá um acordo com a Besta. É verdade que se sentirão seguros, mas não a ponto de deitarem abaixo seus muros e portas, pois no tempo próximo a Grande Tribulação o rei do norte (a Besta) antes de invadir Israel estará fazendo guerra contra o reino do Sul (Dan. 11:29-31). Ou seja, o ambiente politico a volta de Israel será de guerra. E, será em meio a uma das investidas frustradas contra o reino do Sul que a Besta decidirá quebrar a santa aliança que estabelecera com o povo de Israel. E, isto quer dizer, que a sensação de segurança que Israel experimentará, derivará da confiança em que o rei do norte (a Besta) não quebrará a aliança entre os países (Israel e o reino da Besta/Turquia) e este (Besta) não fará guerra contra eles.

Mas a profecia de Ezequiel diz o contrário. Diz claramente que Gogue atacará um povo que experimentou a guerra. A menos que haja duas grandes tribulações, o facto do povo já ter sofrido na pele a guerra e ser reunida dentre as nações (esteve exilada) é porque a guerra que o rei Gogue fará contra Israel não pode ser a Grande Tribulação. Só a partir do milênio e a execução da justiça eterna por meio do Messias é que poderá trazer uma recuperação mental da guerra, tal como o profeta diz: Em anos futuros você invadirá uma terra que se recuperou da guerra, cujo povo foi reunido dentre muitas nações. E a segurança será tão grande a ponto dos moradores de Israel terem cidades não muradas e nem portas em suas casas.

O rei Gogue saberá da situação de paz e segurança que o povo de Deus se encontrará (Ez. 38:14). Saberá sobre o Deus que reina sobre Israel, mas ainda assim decidirá atacá-los com um grande exército (Ez. 38:15,16).

Continuando a leitura, entendemos que o rei Gogue invadirá as terras de Israel (Ez. 38:16). E este verso leva muita gente a concluir que a invasão territorial de Israel seja sinônimo de que o rei Gogue tenha conquistado e exterminado o povo de Israel. Isto não é verdade, mas sobre isso falaremos mais tarde, quando entrarmos no capítulo 39.

Nos últimos cinco versos do capítulo 38, o profeta Ezequiel nos dá o ultimo detalhe sobre o espaço temporal que ocorrerá esta profecia. E por causa destes últimos versos outra linha de pensamento se levanta. Os que acreditam que a batalha de Gogue e Magogue seja a batalha do Dia (da Vingança) do SENHOR após a Grande Tribulação. Será que se trata do dia em que o Messias vinga o seu povo?

Não, não se trata do Dia (da Vingança) do SENHOR, por dois simples motivos:

Primeiro: A batalha do Dia (da Vingança) do SENHOR será em Edom (Is. 63:1-6) e a batalha de Gogue e Magogue será em Israel.
Segundo: As personagens celestiais da batalha do Dia (da Vingança) do SENHOR e da batalha de Gogue e Magogue são diferentes. Se no Dia (da Vingança) do SENHOR vemos claramente que a personagem é o Messias (Is. 63:1; Apoc. 19:11-15; 14:20), na batalha de Gogue e Magogue não é bem assim. Veja você mesmo:
  • Em meu zelo e em meu grande furor declaro que naquela época haverá um grande terremoto em Israel. Os peixes do mar, as aves do céu, os animais do campo, toda criatura que rasteja pelo chão e todas as pessoas da face da terra tremerão diante da minha presença. Os montes serão virados de cabeça para baixo, os penhascos se desmoronarão e todos os muros cairão. Convocarei a espada contra Gogue em todos os meus montes, palavra do Soberano Senhor. A espada de cada um será contra o seu irmão. Executarei juízo sobre ele com peste e derramamento de sangue; desabarei torrentes de chuva, saraiva e enxofre ardente sobre ele e sobre as suas tropas e sobre as muitas nações que estarão com ele. E assim mostrarei a minha grandeza e a minha santidade, e me farei conhecido de muitas nações. Então eles saberão que eu sou o SENHOR. (Ez. 38:19-23)
E quem é a personagem interventiva contra os ímpios? É claro que se trata do SENHOR. Mas que momento é este?

O profeta Ezequiel diz que a presença do SENHOR provocará um terramoto em Israel, os montes serão derrubados. Todos os animais, quer sejam, aquáticos, aéreos ou terrestres bem como as pessoas tremerão diante de Sua Majestosa presença. E em meio ao tremor Deus executará seu juízo com peste, espada, saraiva e enxofre, sobre estas nações.

Na verdade este trecho da profecia de Ezequiel é o cumprimento da revelação apocalíptica sobre a batalha de Gogue e Magogue. Veja:
  • Observei quando ele abriu o sexto selo. Houve um grande terremoto. O sol ficou escuro como tecido de crina negra, toda a lua tornou-se vermelha como sangue, ... Então os reis da terra, os príncipes, os generais, os ricos, os poderosos — todos os homens, quer escravos, quer livres, esconderam-se em cavernas e entre as rochas das montanhas. Eles gritavam às montanhas e às rochas: "Caiam sobre nós e escondam-nos da face daquele que está assentado no trono e da ira do Cordeiro! Pois chegou o grande dia da ira deles; e quem poderá suportar? (Apoc. 6:12-17)
  • Depois vi um grande trono branco e aquele que nele estava assentado. A terra e o céu fugiram da sua presença, e não se encontrou lugar para eles. (Apoc. 20:11)
  • E sairá para enganar as nações que estão nos quatro cantos da terra, Gogue e Magogue, a fim de reuni-las para a batalha. Seu número é como a areia do mar. As nações marcharam por toda a superfície da terra e cercaram o acampamento dos santos, a cidade amada; mas um fogo desceu do céu e as devorou. (Apoc. 20:8,9)
O que o Eterno disse por meio do profeta Ezequiel e que está em conformidade com a revelação apocalíptica foi sobre a sua aparição. Ou seja, quando os peixes do mar, as aves do céu, os animais do campo, toda criatura que rasteja pelo chão e todas as pessoas da face da terra tremerem. Os montes virarem de cabeça para baixo, os penhascos se desmoronarem e todos os muros caírem, isto significa que, aquele que habita na luz inacessível que nenhum homem viu nem pode ver e ficar firme estará entre os homens para o seu juízo.

Por muita vontade que se tenha em enquadrar a pessoa de Cristo nesta profecia de Gogue e Magogue, a verdade é que Ele (Cristo) não corresponde com a personagem que o profeta Ezequiel descreve. E a profecia sobre o Messias não corresponde com os detalhes desta profecia de Ezequiel por dois motivos:

Primeiro: Ao contrario do que esta profecia diz, não haverá chuva de saraiva, enxofre e fogo na batalha entre Cristo e a Besta. Cristo não dizimará o exército da Besta com o fogo. Ninguém será executado por meio do fogo a não ser a Besta e o Falso profeta.
Segundo: A aparição de Cristo no céu não fará com que os montes e penhascos de movam de seus lugares, pelo menos no que tange as escrituras bíblicas. Mas, na presença do Eterno, os céus e a terra fugirão de seus lugares (Apoc. 20:11).

Por outro lado, creio que se a profecia sobre Gogue e Magogue estivesse descrita somente no capítulo 38 as pessoas chegariam facilmente ao entendimento que passei ate aqui. Quer dizer, a batalha de Gogue e Magogue seria entendida como a batalha que se realizará no final do milênio.

Contudo, é importante mostrar duas interpretações que têm contribuído para que a profecia de Ezequiel seja desconectada da profecia de Apocalipse de João:

A primeira: Tem haver com o entendimento que se dá a frase: O Dia do SENHOR! Muitos acham que os profetas que falaram sobre o Dia do SENHOR estavam a falar sobre o mesmo acontecimento. O que nós precisamos perceber é que O Dia do SENHOR não é necessariamente um único evento. Na verdade existem três importantes Dias do SENHOR:
A Grande Tribulação (Sof. 1:7-15) é o Dia do SENHOR contra o povo Israel.
O lagar do furor da ira de Deus (que será pisado em Edom Is. 63:1-6) é outro Dia do SENHOR contra o exército da Besta.
E por último, o dia em que as nações guerrearem contra o acampamento dos santos (Apoc. 20:8,9) é o terceiro Dia do SENHOR contra o última geração ímpia na terra.
O Segundo: É a imposição que o capítulo 39 faz ao capítulo 38. Ou seja, a má interpretação que fazem do capítulo 38 de Ezequiel é somente por imposição interpretativa que os estudantes de escatologia têm em relação ao capítulo 39.

A negação de que os profetas João e Ezequiel tenham falado sobre o mesmo assunto deriva, essencialmente, por causa do capítulo 39. Para alguns interpretes desta profecia, as passagens de Ezequiel 39 nada têm haver com o que é descrito em Apocalipse 20:7-10. E por causa disto, algumas inquietações são levantadas.

Por ex: No capítulo 39, o profeta Ezequiel diz que 5/6 do exército de Gogue voltará (Ez. 39:2) e somente 1/6 atacará Israel. A conclusão que muitos fazem é que somente o grupo menor que estiver no ataque com o rei Gogue é que será morto.
Em Ezequiel 39, o líder é o rei Gogue que é morto e enterrado em Israel, enquanto que, em apocalipse, o líder é satanás chamado de Gogue que é lançado no lago de fogo.

Começando pelo primeiro exemplo: Será que é mesmo assim? Será que o 5/6 do exército de Gogue não morrerá? Vejamos:
  • E te farei voltar, mas deixarei uma sexta parte de ti, e far-te-ei subir do extremo norte, e te trarei aos montes de Israel. E, com um golpe, tirarei o teu arco da tua mão esquerda, e farei cair as tuas flechas da tua mão direita. Nos montes de Israel cairás, tu e todas as tuas tropas, e os povos que estão contigo; e às aves de rapina, de toda espécie, e aos animais do campo, te darei por comida. Sobre a face do campo cairás, porque eu o falei, diz o Senhor DEUS. (Ez. 39:2-5)
O texto diz que a sexta parte do exército que acompanhar o rei Gogue será levado até aos montes de Israel. Quando o exército de Gogue estiver sobre os montes de Israel cairão.

Como disse acima, é um erro pensar que o facto do rei Gogue invadir as terras de Israel seja sinônimo de devastação do povo. Não. Como diz o profeta: te trarei aos montes de Israel. E, com um golpe, tirarei o teu arco da tua mão esquerda, e farei cair as tuas flechas da tua mão direita. A invasão das terras de Israel não será sinônimo de devastação. É proposito de Deus que o Gogue e as nações que com ele estiverem se aproximem e mostrem suas reais intenções.

O Deus de Israel é quem permitirá que Gogue invada as terras de Israel, mas estando Gogue e seu exército acampado sobre os montes de Israel prontos para atacar o povo de Israel serão aniquilados com um só golpe. Quer dizer que o rei Gogue não terá nenhum poder para com aquele povo que vive em segurança, sem muro, nem portas ou tranqueiras. E, isto está em conformidade com a revelação do profeta João, quando diz que as nações invasoras cercarão o acampamento dos santos, a cidade amada.
  • As nações marcharam por toda a superfície da terra e cercaram o acampamento dos santos, a cidade amada... (Apoc. 20:9)
E como é que o povo de Gogue cairá nos montes de Israel?
  • Porque chamarei contra ele a espada sobre todos os meus montes, diz o Senhor DEUS; a espada de cada um se voltará contra seu irmão. (Ez. 38:21)
Por outro lado, o facto de uma parte do exército de Gogue retornar não significa que os mesmos escaparão da destruição. Pois lá onde retornarão o juízo de Deus os acompanhará:
  • E enviarei um fogo sobre Magogue e entre os que habitam seguros nas ilhas; e saberão que eu sou o Senhor. (Ez. 39:6)
O exército de Gogue não escapará por voltar. Todas as nações que acompanharem a Gogue estarão envolvidas em chuvas torrenciais, saraivas, enxofre, fogo, pestes e sangue.
  • E contenderei com ele por meio da peste e do sangue; e uma chuva inundante, e grandes pedras de saraiva, fogo, e enxofre farei chover sobre ele, e sobre as suas tropas, e sobre os muitos povos que estiverem com ele. (Ez. 38:22)
Gogue e as nações que estarão com ele morrerão nesta cabala contra Israel. Ele e todo o seu exército serão mortos. Uns pelo fogo, enxofre, saraiva, pestes e inundações e outros (a sexta parte) pela espada. Estes últimos serão enterrados em território de Israel durante sete meses para purificar a terra.
  • E sucederá que, naquele dia, darei ali a Gogue um lugar de sepultura em Israel, o vale dos que passam ao oriente do mar; e pararão os que por ele passarem; e ali sepultarão a Gogue, e a toda a sua multidão, e lhe chamarão o vale da multidão de Gogue. E a casa de Israel os enterrará durante sete meses, para purificar a terra. (Ez. 39:11,12)
A segunda inquietação é sobre a pessoa de Gogue. Afinal, quem é Gogue?  É o príncipe e chefe de Meseque e de Tubal que será morto e enterrado em Israel ou é Satanás que será lançado no lago do fogo?

Se prestarmos mais atenção à revelação dada pelo profeta João, perceberemos que satanás não é chamado de Gogue, nem sequer é o líder chefe das nações que invadem Israel. Quem disse que Gogue é Satanás são os interpretes bíblicos. Quem disse que Satanás é quem liderará a invasão a Israel, também são os interpretes bíblicos. O profeta João nunca fez menção sobre isso, nem mesmo disse que Satanás liderará o assalto contra o acampamento dos santos.

Quem é a personagem principal na visão do profeta Ezequiel?
  • Filho do homem, dirige o teu rosto contra Gogue, terra de Magogue, príncipe e chefe de Meseque, e Tubal, e profetiza contra ele. E dize: Assim diz o Senhor DEUS: Eis que eu sou contra ti, ó Gogue, príncipe e chefe de Meseque e de Tubal. (Ez. 38:2,3)
Gogue é um chefe, um príncipe, um rei, um líder máximo na terra de Magogue. Ou seja, é um homem comum como qualquer outro, que liderará nações gentias da terra contra Israel.

E quem é o personagem principal na visão do profeta João?
  • E, acabando-se os mil anos, Satanás será solto da sua prisão, e sairá a enganar as nações que estão sobre os quatro cantos da terra, Gogue e Magogue, cujo número é como a areia do mar, para as ajuntar em batalha. (Apoc. 20:7,8)
Satanás é um chefe, um príncipe, o líder máximo dos anjos que será solto depois do milênio. O profeta João diz que Satanás sairá da sua prisão a enganar as nações. Em nenhum momento o profeta diz que Satanás liderará o exército contra Israel. Diz apenas que os enganou e não mais do que isso.
  • E o diabo, que os enganava, foi lançado no lago de fogo e enxofre, onde estão a besta e o falso profeta; e de dia e de noite serão atormentados para todo o sempre. (Apoc. 20:10)
Neste verso o profeta João clarifica a posição que Satanás ocupava nesta batalha. O diabo não será o líder do exército, será o enganador. Satanás será o sedutor do rei Gogue e das nações que o acompanharão. Nesta batalha Satanás será o líder espiritual que sempre foi.

Precisamos perceber que o facto de na visão do profeta Ezequiel a personagem principal ser o rei Gogue não inviabiliza a visão do profeta João em ter como personagem principal o líder espiritual (Satanás) do rei Gogue.

Provavelmente ainda existem mais inquietações sobre a profecia de Gogue e Magogue encontrada no livro de Ezequiel, especialmente, no capítulo 39. Mas é importante perceber que a chamada de atenção que o profeta João faz com aquela citação não vem ao acaso. Ou seja, se a ausência da citação Gogue e Magogue, em apocalipse 20, em nada belisca o entendimento da profecia, então, o que estará ali a fazer?

Com certeza é para nos levar do conhecido (Ezequiel 38 e 39) ao desconhecido (Apocalipse 20). E isto é perceptível quando vislumbramos um detalhe que o profeta Ezequiel deixa na sua profecia:
  • Depois de muitos dias você será chamado às armas. Em anos futuros você invadirá uma terra... (Ez. 38:8)
A outra versão bíblica diz:
  • Depois de muitos dias serás visitado. No fim dos anos virás a terra... (Ez. 38:8)
O profeta revela que a batalha de Gogue e Magogue acontecerá depois de muitos dias. Acontecerá no fim dos anos. E que fim de anos se trata? É claro que se trata do final de uma era e a entrada uma nova era.

E, quem chamará Gogue à batalha? Quem visitará Gogue depois de muitos dias?
  • E, acabando-se os mil anos, Satanás será solto da sua prisão, e sairá a enganar as nações... (Apoc. 20:7,8)
E, justamente depois de muitos dias, no final de uma era (anos) que o rei Gogue será visitado, chamado às armas e se manifestará contra Israel, o profeta João diz que após uma era (anos) Satanás será solto e enganará (chamará, visitará) as nações para convocá-los a guerra contra Israel. Serão coincidências?

O juízo contra Gogue e as nações que estiverem com ele será também a primeira vez que Deus há de manifestar a Sua gloria (Ez. 39:21) entre os homens.
  • E assim mostrarei a minha grandeza e a minha santidade, e me darei a conhecer aos olhos de muitas nações. Então eles saberão que eu sou o SENHOR. (Ez. 38:23)
A aparição do SENHOR em defesa de seu povo servirá também para Aquele que habita na luz inacessível reivindicar a sua grandeza e a sua santidade, bem como se auto apresentar aos olhos das nações.


"Consolai-vos, pois, uns aos outros com estas palavras"
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