sexta-feira, 17 de junho de 2016

Soberania

·                     Pois tu, Senhor, és o Altíssimo sobre toda a terra! És exaltado muito acima de todos os deuses! (Sal. 97:9)
No dicionário da língua portuguesa, a palavra soberania está explicada como autoridade suprema que detém o poder sem restrições. Ser soberano é possuir poder supremo e autoridade, de forma que alguém está no completo controle de tudo e pode realizar qualquer coisa que queira. Soberania significa controle e domínio absoluto de Deus sobre tudo e sobre todos. Assim, Deus é, e está além e acima de toda força ou poder ou autoridade.

Quando se diz que Deus tem o controlo absoluto de tudo e todos, não quer dizer que até os nossos pensamentos são planejados por Deus (existe a crença que diz que: “Até o mover de nosso dedo Deus planejou”). Deus bem poderia ter o controlo absoluto (no sentido literal da palavra), bem poderia privar as pessoas de pensarem, de agirem, mas isso iria contrariar o carater de Deus. Cair neste laço de passarinheiro colocaria Deus em posição de que é Ele a origem do mal. É mesmo que dizer que é Deus quem colocou o mal em nós. É o mesmo que dizer que não somos nós quem fizemos o mal, mas é Deus que faz o mal em nós. E indo nesta crença, é ir contra aquilo que a bíblia afirma (1João 3:4). Pecamos quando por nós mesmos pensamos e agimos contrário daquilo que a lei de Deus orienta.
Muitos cristãos quando analisam a soberania de Deus olham-no sempre na perspetiva errada das coisas como se até o “mover dos dedos fosse preordenado pelo Deus soberano”. Olhar na perspetiva errada é analisar um atributo isoladamente sem ter em conta todos os outros atributos de Deus. Além de soberano, Deus é onipotente, santo, onipresente, justo, amoroso, etc. E é pelo facto de ser amoroso que é inconcebível que um Deus soberano cheio de amor coloque em pé de igualdade homens e máquinas, pois ninguém teria liberdade de escolha, se de facto até o “mover dos dedos fossem preordenados por Deus”. De modo nenhum isto pode ser assim, Deus é soberano sim, mas também, pelo seu amor concede liberdade aos seus filhos para viverem segundo suas escolhas.
Façamos então uma observação da soberania de Deus, mas dentro de nossa esfera humana: Se o dono de uma empresa não é obedecido é porque o seu trabalhador não está reconhecendo sua autoridade. Mas será que o dono da empresa não tem autoridade na sua própria empresa? Acreditamos que tem. Da mesma forma um rei não deixa de ser rei se algum de seus súditos resolve desobedecer-lhe.

O mesmo também acontece para aquele que vive sob a autoridade de Deus, ou sob a autoridade de satanás. Deus não pode ser soberano na vida daquele que vive em desobediência (Ef. 5:5,6).
Deus é soberano porque a partir do momento que sabe antecipadamente tudo aquilo que há de acontecer, pode intervir sem que ninguém ouse questioná-lo. Deus não projetou o mundo para o caus que hoje vivemos, mas ainda assim, em sua soberania, Deus intervém em todos aspetos que Ele desejar sem que ninguém interfira.

·         Ele vos vivificou, estando vós mortos nos vossos delitos e pecados, nos quais outrora andastes, segundo o curso deste mundo, segundo o príncipe das potestades do ar, do espírito que agora opera nos filhos de desobediência, entre os quais todos nós também antes andávamos nos desejos da nossa carne, fazendo a vontade da carne e dos pensamentos; e éramos por natureza filhos da ira, como também os demais. (Ef. 2:1-3)
Embora possa parecer estranho para alguns, mas a soberania de Deus não muda o curso da vida de cada ser humano a não ser que este permita. Deus criou o homem livre para obedecê-lo ou não. Somos nós quem confirmamos a soberania de Deus quando nos deixamos levar pela obediência à sua palavra.
·         Não sabeis que daquele a quem vos apresentais como servos para lhe obedecer, sois servos desse mesmo a quem obedeceis, seja do pecado para a morte, ou da obediência para a justiça? Mas graças a Deus que, embora tendo sido servos do pecado, obedecestes de coração à forma de doutrina a que fostes entregues; e libertos do pecado, fostes feitos servos da justiça (Rom. 6:16-18)
A quem decidirmos obedecer este será o soberano em nossas vidas. Ninguém que pecando diga que é vontade de Deus (Tiago 1:13). O ser humano foi criado para ser livre. Deus não é o soberano na vida do homem a menos que este o permita, a menos que este escolha obedece-lo. Como igreja de Deus somos chamados a viver uma vida de obediência ao Soberano Deus. Deixar que Ele suplante nossas paixões, mentirinhas, cobiças, avareza e tudo aquilo que nos distancia Dele.
Que ninguém se engane, em pensar que pelo fato de pertencer a uma denominação, de estar ligado a uma instituição religiosa seja sinónimo absoluto de estar sob autoridade de Deus, pois satanás também tem os seus filhos dentro das instituições, quer estes saibam ou não. Não é o louvor, a adoração que prestamos a Deus em nossas instituições que define de quem realmente somos, mas sim, a quem dedicamos a nossa obediência . E isto nos leva a seguinte pergunta: Quem controla a sua mente?
Por mais que fujamos desta pergunta a verdade é que aquele que controla a nossa mente é este o soberano de nossas vidas. É este que exerce autoridade sobre nossos corpos através da mente.
·         Pois não é contra carne e sangue que temos que lutar, mas sim contra os principados, contra as potestades, contra os príncipes do mundo destas trevas, contra as hostes espirituais da iniquidade nas regiões celestes. (Ef. 6:12)
A luta, a guerra a se travar não é carnal, mas sim espiritual e o campo de batalha é a mente. É onde os súditos do Rei do universo travam as batalhas de decisões.
Não importa se somos os maiores religiosos da nossa igreja, mas ao dedicar-mos maior parte do nosso tempo em coisas desnecessárias, em coisas deste mundo, ao dedicarmos o nosso tempo para realizações de sonhos carnais, ao dedicarmos o nosso tempo para a satisfação do nosso ego, em vão é a nossa religiosidade, pois maior autoridade exerce Satanás em nossa vida do que Deus.
·          Tenha cuidado com o que você pensa, pois a sua vida é dirigida pelos seus pensamentos. (Prov. 4:23)
Para a igreja do final dos tempos é primordial purificar a mente e deixar-se guiar pelo espírito de Cristo. Naquilo que pensamos, naquilo que escolhemos diariamente, determinamos se vivemos sob a influência, domínio e autoridade de Deus e seu Filho ou de Satanás. O corpo é obediente à mente. Então quando o dia começa, devemos definir desde já quem será a autoridade, o soberano do dia; se para a carne ou para o espírito (Rom. 8:6).

Vamos criar uma cena imaginária, para ilustrar melhor a ausência ou presença da soberania de Deus em nossas vidas:
v  “Imagina uma mulher prostituta, que com o passar do tempo entrega-se a Cristo e resolve mudar o rumo de sua vida, abandonando antiga maneira de viver. Passa a ser uma mulher dedicada na causa do Senhor, procura ter uma vida irrepreensível entre os irmãos em Cristo. Sempre disposta a dar o seu melhor por cristo e pela igreja. Mas esta mulher diz que diariamente tem lutado muito, de forma exaustiva para não voltar a velha vida de prostituição, ela diz que sente um desejo de voltar, mas luta e se sente cansada, porque não está a encontrar forças para vencer, por isso ela partilha com a igreja para que orem por ela”.
Que luta é esta que ela trava todos os dias? É uma tentação ou uma provação de Deus? O cristão não deve esquecer que nossas batalhas começam na mente e transbordam para o exterior. Quando uma situação como esta é apresentado à igreja o que acontece? É fácil visualizar um grupo dos líderes da igreja deslocar-se ao encontro dessa irmã para fortalece-la. Numa sumula poderia dizer que os argumentos, normalmente, são mais ou menos assim:
v  Sabemos o que estás a passar, saiba que isto é uma provação de Deus para ver se O amas, tenha fé e esperança que tudo vai correr bem, é só perseverar na fé que esta situação vai passar.
Muitos de nós tal como esta senhora imaginária enfrentamos lutas diárias em nossas mentes, e sem percebermos a luta torna-se mais e mais intensa a medida que o tempo passa. Quando demos por nós já estamos mergulhados na vida que nos distancia do Soberano. Deixamos de estar sob a tutela do soberano Deus. Por incrível que pareça lutamos, lutamos incansavelmente para vencermos nossas paixões e cobiças diárias, mas ainda assim voltamos a mergulhar nos mesmos erros que outrora decidíramos abandonar. Por que não ser forte o suficiente para abandonar definitivamente um pecado? O que falta? Tem sido as perguntas que nos inquieta: eu oro, jejuo, louvo, evangelizo, e ainda assim quando tentado, volto a cair de novo. O que se passa?
Há um ditado que diz: “Aquilo que não é eterno, é eternamente inútil”. Quando o cristão alimenta-se de suas paixões, mesmo sem saber, o resultado dá sempre numa separação entre Deus e o Homem. Quando nos alimentamos de coisas frívolas, de carácter sensual, violento, entre outros, abre sempre espaço para a sedução de nossa alma, e com a sedução à nossa queda. Devemos entender que as nossas ações diárias, as nossas escolhas momentâneas podem nos afastar ou não da presença de Deus. Quando alimentamos nossas almas com aquilo que mais nos dá prazer não temos como agradar a Deus.
·         Finalmente, irmãos, tudo o que é verdadeiro, tudo o que é respeitável, tudo o que é justo, tudo o que é puro, tudo o que é amável, tudo o que é de boa fama, se alguma virtude há e se algum louvor existe, seja isso o que ocupe o vosso pensamento. (Fp. 4:8)
Prestemos atenção: Para que tenhamos força de abandonar o pecado, e possamos colocar Deus como soberano de nossas vidas temos de tomar escolhas sábias. Escolhas que nos fortalecerão e nos colocarão de novo na rota de Deus (Jó 34:4). Escolhas que permitirão a Deus encontrar de novo o nosso coração limpo e fazer morada nele. Quando pecamos devemos ter consciência de que nossas ações, quer sejam roubo, calunia, adultério, cobiça, idolatria são apenas o efeito de nossas escolhas diárias. Não é contra estes (roubo, calunia...) que devemos lutar diretamente, mas sim com as causas. Devemos olhar antes para as causas que fizeram com que falhássemos. As causas que fizeram com que nos separássemos de Deus. Maior parte das vezes não é o desejo do adultério, do roubo, de calunias por si só que nos motiva a pratica-los. Antes pelo contrário são as escolhas (causas) que fizemos que nos levam a adulterar, a roubar, etc.
Façamos uma analise:
Se tivéssemos poder para penetrar nos corações, e fizéssemos um inquérito poderíamos ver que algumas mulheres ou homens entregam-se em muitos relacionamentos (namoro), e as vezes até se intrometem em relacionamentos conjugais, porque gostariam de ter uma vida melhor. Não porque gostam de sexo, ou têm prazer em ter vários parceiros. Então, isto quer dizer que é a cobiça que as persuadem a ter esses relacionamentos. E muitas vezes, mesmo sem que elas queiram, acabam por se prostituir, devido a frequência de relacionamentos que tiveram. Ou seja, não é o sexo propriamente dito que as motivou a esta prática, mas sim a cobiça de ter uma vida melhor.

Não será que a maior parte dos ladrões passa por isso? Então cada um de nós deve tomar em atenção para a causa que nos persuade dia-a-dia a cair em pecado.
Mesmo que mintamos para nós mesmo, as tecnologias infelizmente têm sido um dos catalisadores que nos impulsiona a cairmos em tentação. São eles que de forma lenta e progressiva ganham espaço em nossas vidas. Perguntaria a alguém: Como nos sentiríamos, num dia de folga,  se ficássemos 24 horas sem ver aquilo que alimenta as nossas paixões (televisão, facebook, telefone,etc.)?
Se não dar-mos atenção para as causas em todos os sentidos, o efeito (pecado) morre sem culpa, ou pelo menos morre com culpa mal fundamentada, o que em direito da absolvição do suposto culpado. Neste sentido continuaremos intrinsicamente a dize: Eu oro, louvo, jejuo, evangelizo e não sei porquê que continuo vivendo uma vida de pecado.
Voltemos ao imaginário:
v  Imagina que aquela mulher mesmo sabendo que foi uma prostituta não se retrai em assistir programas sensuais que passam na TV.
Diria que a luta desta mulher é uma causa perdida. Ninguém, mais absolutamente ninguém, que não alimenta uma tentação fica vivendo diariamente com este desejo diário de querer voltar a velha vida. De querer voltar ao pecado antigo. Não estou querendo dizer que o cristão não é tentado. É sim, mas quando você é tentado somente num pecado especifico é porque o alimentas mesmo sem saber que o fazes. O que quero dizer é que nenhum filho de Deus sofre com um pecado especifico durante muito tempo sem que para tal não o alimente. É a escolha de não deixar este alimento (causa) distante de nós que sofremos tentação constante e cada vez mais forte.
·         Ninguém, ao ser tentado, diga: Sou tentado por Deus; porque Deus não pode ser tentado pelo mal e Ele mesmo a ninguém tenta. Ao contrário, cada um é tentado pela sua própria cobiça, quando esta o atrai e seduz. Então, a cobiça, depois de haver concebido, dá à luz o pecado; e o pecado, uma vez consumado, gera a morte. (Tiago 1:13-15)
Se voltasse a fazer a mesma pergunta acredito que fica claro a todos que se trata de uma tentação, pois ela (a mulher) alimentou suas antigas paixões. Mesmo não querendo, alimentou o que já estava morto em sua vida. E tal como esta mulher, muitos de nós cristãos ficamos sem entender quando caímos em tentação. Negligenciamos as escolhas que fizemos a cada dia, e a cada momento. Deus é santo e para que estejamos diante de sua presença devemos nos santificar, abandonar tudo o que nos faz distanciar Dele.
Precisamos rever nossos procedimentos, nossos pensamentos se estão de acordo com aquilo que Deus quer. Precisamos nos certificar de que nossas escolhas são da vontade de Deus, pois ao desobedecermos a Deus colocamos em causa a sua soberania em nossas vidas.
Querida igreja, devemos ter em mente que mais do que a reconhecida soberania de Deus sobre o universo e tudo o que nele existe está a soberania de Deus na vida de cada ser humano. Deus quer ser o soberano de nossas vidas, e poder dirigir nossos passos em todos os sentidos. As escolhas que tomamos a cada dia revela o nosso compromisso para com aquele a quem servimos, revela o compromisso para com aquele a quem obedecemos. Revela quem é o soberano em nós; se é Deus ou Satanás.
 
"Consolai-vos, pois, uns aos outros com estas palavras"
 
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